domingo, 17 de julho de 2011

"O Parente Mais Próximo", John Boyne


Data de lançamento: Outubro de 2006
Data de lançamento em Portugal: 2011
Editora: Ulisseia
Páginas: 488

Owen é o parente pobre da riquíssima família Montignac, a qual o adoptou por caridade. Contudo, quando o patriarca da família, seu tio, morre, Owen sente-se animado com a promessa de um futuro no qual não dependerá de ninguém pois toda a riqueza será sua, devido à sucessão natural para o herdeiro masculino. Mas o destino troca-lhe as voltas e Owen assiste, abismado, à leitura de um testamento que passa todo o espólio Montignac não para si mas para a sua prima, Stella. Ignorando os motivos que levaram o seu tio a modificar a regra de sucessão da família e mergulhado em dívidas de jogo, Owen tem que utilizar a sua pródiga inteligência para sobreviver.

O Parente Mais Próximo é o segundo livro de John Boyne editado em Portugal, precedido pelo êxito O Rapaz do Pijama às Riscas livro sobre o qual continuo a ter sentimentos mistos. Foi precisamente essa a razão que me fez comprar o novo livro: ver o que havia para além daquilo, daquela história inocente a roçar o cliché. E foi uma óptima surpresa.

Alguns personagens são ligeiramente dispensáveis, mal construídos, nota-se claramente que John Boyne concentrou todo o seu talento apenas em dois ou três o que pode constituir um erro. Mas aqui, sendo um livro tão despretensioso, mal se dá por isso. Os quatro personagens centrais também são algo cliché: Sir Roderick Bentley, o juíz que garante nunca faltar à sua integridade, Gareth Bentley, seu filho, o típico menino-rico da aristocracia, das escolas privadas, de futuro traçado e sem ambição, Stella Montignac, o estereótipo de mulher decidida da época e, por fim, Owen Montignac, aquele que escapa melhor a linhas pré-definidas. E ainda bem. Extremamente inteligente, de aparência pouco habitual, Owen tem tudo para se tornar desprezível aos olhos do leitor com todos os esquemas que monta para sobreviver mas, no final, acontece precisamente o contrário: o leitor afeiçoa-se a ele, sente com ele, não quer que nada lhe corra mal embora ele  o mereça. 


Quanto ao fluir da história em si, alguns podem considerá-lo algo lento. Contudo, tem que ter tido em conta que este livro pretende misturar uma espécie de suspense, thriller e drama familiar e julgo que John Boyne conseguiu cozinhar muito bem os três. Todos os pedaços de informação são-nos dados pouco a pouco, em lume brando, para nos aguçar a curiosidade. Não nos é apresentada uma descrição exaustiva de cada personagem no primeiro momento em que aparecem. Vamos conhecendo cada um deles aos poucos. E esse é um ponto muito forte.

A capacidade de entreter é suprema, daí recomendar vivamente O Parente Mais Próximo. O enredo envolve-nos, abstrai-nos do resto. Não é de todo uma obra-prima, mas, sendo pouco ambicioso, cumpre todos os seus objectivos. Fiquei com curiosidade em ler mais obras do senhor Boyne... e já tenho algumas ali na estante.

Classificação: 3,5/5. Despretensioso, história simples, personagem central fortíssimo, questões morais estereótipo, leitura rápida e cativante.



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